sábado, 3 de julho de 2010



Fortuna



O fortuna

velut luna

statu variabilis.

semper crescis

aut decrescis

vita detestabilis

nunc obdurat

et tunc curat

ludo mentis aciem:

egestatem

potestatem

dissolvit ut glaciem.



Sors immanis

et inanis

rota tu volubilis,

status malus,

vana salus,

semper dissolubilis;

obumbrata

et velata

michi quoque niteris;

nunc per ludum

dorsum nudum

feto tui sceleris.



Sors salutis

et virtutis

nichi nunc contraria

est affectus

et defectus

semper in angaria

hac in hora

sine mora corde pulsun tangite,

quod per sortem

sternit fortem

omnes mecum plangite.

O Fortuna



Ó fortuna

variável

como a lua

cresces sempre

ou diminuis,

detestável vida!

hoje maltratas

amanhã lisonjeias

brincas com os nossos sentidos

a miséria

o poder

fundem como gelo em ti.



Destino cruel

e vão

roda que giras

a tua natureza é perversa

a tua felicidade vã

sempre a dissipar-se

pela sombra

e em segredo

aproximas-te de mim

apresento o meu dorso nu

ao jogo da tua

perversidade.



Felicidade

e virtude

são-me agora contrárias;

afeções

e derrotas

estão sempre presentes.

Nesta hora sem demora

pulsai as cordas

pois que o bravo, derrubado

pelo destino

chorai todos comigo

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